Connect with us

Esporte

Ex-jogador da NBA diz que esporte é um microcosmo do mundo

Published

on

Ex-jogador da NBA diz que esporte é um microcosmo do mundo

Em 2023, o nome Mahmoud Abdul-Rauf não está no foco das atenções no mundo dos esportes. O jogador, que atuou na NBA e rodou o mundo pelo basquete, se aposentou das quadras em 2011. No entanto, quando estava no auge, foi mais um a colocar a própria carreira em risco com gestos questionadores que o puseram no olho do furacão da opinião pública e da mídia americanas. Em 1996, no meio de sua melhor temporada na NBA, pelo Denver Nuggets, ele passou a se recusar a ficar de pé durante a execução do hino nacional e olhar para a bandeira dos Estados Unidos antes dos jogos da equipe. A atitude causou polêmica, ele chegou a ser suspenso pela liga e dali em diante sua vida e carreira mudaram.

Abdul-Rauf, que foi registrado como Chris Jackson quando nasceu e mudou de nome em 1993 após se converter ao islamismo, está no Brasil para participar da Semana Move, do Sesc São Paulo, evento onde realiza palestras e clínicas de basquete.

Ele conversou com a Agência Brasil sobre o que tem feito desde que encerrou a carreira e também sobre o papel do esporte na sociedade. Ativista social contra o racismo e pela igualdade, ele também falou, obviamente, sobre basquete. Abdul-Rauf foi selecionado na terceira escolha do draft (recrutamento de talentos do esporte universitário) da NBA de 1990, pelo Denver Nuggets. Jogou por seis temporadas pela equipe, tendo os melhores números justamente na última (19,2 pontos e 6,8 assistências por jogo, com incríveis 93% de aproveitamento nos lances livres). Naquela época ele passou a se posicionar politicamente em relação ao hino do país, que considera um símbolo da opressão.

O armador então rumou para o Sacramento Kings, mas rapidamente perdeu espaço na NBA, jogando em países como Turquia, Itália, Arábia Saudita e Japão. Nesta entrevista exclusiva, ele fala sobre o que passou após marcar sua posição, um gesto muito semelhante ao que outro atleta americano fez vinte anos depois.

Agência Brasil: Considerando seu tempo como atleta e o que vive desde que se aposentou, qual foi o grande ensinamento que você teve com o esporte?Mahmoud Abdul-Rauf: Essa é difícil [risos]. Complicado limitar a apenas uma. Creio que sejam: resiliência, consistência, administração do tempo, sacrifício. Criar contatos, porque você não consegue jogar sozinho. Compreender seu papel. Suporte. Paciência, porque o basquete não tem apenas uma velocidade, você precisa aprender sempre sobre nuances, ângulos, quando acelerar ou desacelerar. O esporte é como um microcosmo do mundo em que vivemos. Todas essas qualidades são coisas que a gente vai precisar fora do basquete.

Agência Brasil: Você tem se mantido próximo ainda ao mundo do basquete?Mahmoud Abdul-Rauf: Sim, eu amo esse mundo. Ainda faço atividades todo dia, mesmo que não sejam sobre basquete, eu me mantenho em forma. Ainda treino com jogadores da NBA, que se aposentaram ou ainda estão lá. Alguns nomes como Dennis Smith Jr, Spencer Dinwiddie [ambos do Brooklyn Nets], Victor Oladipo [Oklahoma City Thunder]. Acabei de treinar em Nova York com o Immanuel Quickley, que joga pelo New York Knicks. Ainda tenho um intenso amor pelo jogo e ainda quero dominar o jogo, mesmo tendo 54 anos [risos].

Agência Brasil: E você tem dominado esses jogadores?Mahmoud Abdul-Rauf: Vou te contar uma coisa. Eu faço umas competições de arremessos contra eles e volta e meia alguém tenta me desafiar. Ainda posso dizer que consigo competir com eles nesse nível. Mas não vou deixar ninguém em maus lençóis. Eles sabem [risos].

Agência Brasil: Qual sua visão sobre o basquete atual?Mahmoud Abdul-Rauf: Definitivamente mudou. Agora é mais um jogo de arremessos de longa distância, para armadores. Atletas grandes estão meio que obsoletos, não se usa mais um Shaquille O’Neal ou um Hakeem Olajuwon como antes. Eu gosto desse aspecto do jogo, o torna interessante para mim. Eles abrem mão de bolas de dois para arremessar de três. A defesa não é tão física.

Eu gosto disso e não é que não existia antigamente. É que no passado os jogadores eram postos em funções específicas. Sempre fui contra isso. Quando fui jogar na Europa percebi que pivôs faziam treinos de armadores e vice-versa. É assim que o jogo deve ser jogado. Quanto mais versátil mais valioso você é.

Os jogadores da minha época sabiam fazer isso, eles faziam quando era em um ambiente mais descontraído, nas ruas. Mas quando iam falar com o técnico, ouviam: “Não precisamos que você faça isso. Fique lá embaixo da cesta”. Era como se te colocassem algemas. Agora você vê jogadores grandes com controle de bola, fazendo passes como armadores e arremessando. Eu adoro isso.

Agência Brasil: E fora das quadras, o que tem feito?Mahmoud Abdul-Rauf: Sei que tenho que ser mais consciente não apenas sobre a minha esfera pessoal mas também sobre a minha relação com o mundo. Como eu trato o universo, mas também os seres humanos. Sempre tento ser alguém que passa pela vida das pessoas e pode oferecer algo a elas. Tento constantemente fazer isso e me elevar intelectualmente, adquirir mais sabedoria.

Agência Brasil: Em 2016, ou seja, 20 anos depois de você, Colin Kaepernick (quarterback do San Francisco 49ers, da NFL, liga de futebol americano dos Estados Unidos) começou a chamar atenção por se ajoelhar durante a execução do hino. O que você pensou quando viu aquilo?Mahmoud Abdul-Rauf: No começo, vi muitas semelhanças entre as nossas histórias. Como ele estava recebendo ameaças de morte, como a mídia caiu em cima dele. Pensei automaticamente em como a mesma coisa que aconteceu comigo estava prestes a acontecer com ele também. Falei comigo mesmo: os minutos dele vão começar a diminuir. Isso se ele jogar.

Todos começam a questionar se ele tem o que é preciso nesse nível. Fica difícil conseguir uma vaga em um time. Foi o que aconteceu comigo. Mesmo estando no meu auge, a narrativa começa a se firmar. Aí te oferecem menos do que você vale, é ofensivo para você. Você precisa fazer uma escolha. Eles [os dirigentes dos times] agem como se quisessem distância de alguém assim, mas não podem abertamente falar isso.

Essas foram as coisas que eu pensei. Por isso procurei falar com ele. Não tinha nenhum contato, apenas fui nas redes sociais dele e disse: “Estou com você 1.000%”.

Agência Brasil: Como você vê hoje o fato de jogadores da NBA estarem na linha de frente muitas vezes das discussões sociais e raciais nos Estados Unidos? Levando o Black Lives Matter (Vidas Negras Importam) nas camisas, protestando contra as mortes de pessoas pretas e a violência policial?Mahmoud Abdul-Rauf: É uma longa conversa. Primeiramente, acredito que todos temos uma responsabilidade, inclusive atletas que ganham milhões de dólares. Existe um ditado que diz que se espera muito de quem muito recebeu. Você está em uma posição em que tem uma plataforma, é mais visível do que o cidadão comum. Isso não te isenta de participar. Na verdade, coloca até mais responsabilidade em seus ombros de tomar uma posição por causa do impacto que você tem.

Sempre vai ter gente que não vai gostar do que você tem para dizer. Mas, por outro lado, haverá pessoas que vão admirar o que você diz sendo um esportista.

Sobre os jogadores falarem o que pensam, eu acho o seguinte. A NBA parece ser uma liga mais progressista do que a NFL, mas a verdade é que eles sabem melhor como se posicionar para o público. São mais sagazes nesse sentido. Os atletas ainda precisam ter um determinado posicionamento para serem aceitos. E falarem as coisas certas.

Porém, pelo menos o esforço de muitos jogadores em usar a plataforma para “dobrar” as leis, falarem o que pensam, isso tem que ser feito.

As informações e opiniões são de responsabilidade da Agência Brasil – EBC.

Click to comment

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esporte

Brasil vence República Tcheca no Mundial de handebol feminino

Published

on

By

Brasil vence República Tcheca no Mundial de handebol feminino

A seleção brasileira feminina de handebol cumpriu parte de sua missão, derrotando a República Tcheca, mas não fez tudo que era necessário para avançar às quartas de final do Mundial que está sendo disputado na Dinamarca, na Noruega e na Suécia. Neste domingo (10), em Frederikshavn, na Dinamarca, o Brasil bateu a equipe europeia por 30 a 27, resultado insuficiente devido à diferença que havia no saldo de gols nos duelos contra a própria República Tcheca e a Espanha.

Comandada por Cristiano Rocha, a equipe entrou em quadra sabendo que precisava de uma vitória por pelo menos cinco gols de diferença para avançar, já que assim empataria com as espanholas e as tchecas na pontuação da chave 4 (referente à segunda fase da competição) e ganharia nos critérios de desempate entre as três nações. Além disso, para confirmar a vaga o Brasil precisava de uma vitória da líder Holanda sobre a Espanha.

Diante de um adversário duro (que só havia perdido uma vez até então), o Brasil nunca teve a tranquilidade necessária no placar. Foi para o intervalo perdendo por 17 a 16 e na segunda etapa abriu no máximo quatro gols de vantagem (30 a 26), antes de a República Tcheca diminuir o placar no final.

Desde que foi campeã do mundo em 2013, a melhor campanha da seleção brasileira feminina em um Mundial foi em 2021, quando alcançou as quartas de final. A próxima chance de igualar ou superar o feito será em 2025, na Alemanha e na Holanda.

 

As informações e opiniões são de responsabilidade da Agência Brasil – EBC.

Continue Reading

Esporte

Brasil sai do Panam Sports Awards com quatro atletas premiados

Published

on

By

Brasil concorre a nove prêmios no Panam Sports Awards

A noite de sábado (9), em Miami, nos Estados Unidos, foi de muitas vitórias para o Brasil. O Panam Sports Awards, premiação para os atletas que se destacaram durante o Pan e o Parapan – que neste ano foram disputados em Santiago, no Chile –, coroou o 2023 de quatro brasileiros: Rebeca Andrade (foto em destque), Monik Bisoni, Maria Eduarda Alexandre e Douglas Matera. No total, foram 16 categorias premiadas.

Rebeca, que conquistou quatro medalhas (dois ouros e duas pratas) em Santiago na ginástica artística, ganhou na categoria Participação de Destaque, para atletas que tiveram grande desempenho dentro e fora do esporte.

Monik Bisoni, que foi campeã do torneio feminino de e-football no Pan, ganhou como Melhor Atleta de E-sports.

Maria Eduarda Alexandre, da ginástica rítmica, foi a vencedora na categoria “Legado Cali 2021 feminina”, para atletas que haviam se destacado anteriormente nos Jogos Pan-Americanos Júnior, dois anos antes, realizados na cidade colombiana. Em Santiago, a ginasta de apenas 16 anos ganhou quatro medalhas: ouro no arco e nas maças, prata na fita e bronze no individual geral.

Por último, o nadador paralímpico Douglas Matera, da classe S12 (baixa visão), ganhou como melhor atleta masculino do Parapan. Ele teve um desempenho incrível na capital chilena: disputou oito provas e ganhou as oito.

As informações e opiniões são de responsabilidade da Agência Brasil – EBC.

Continue Reading

Esporte

Brasileiro: Vasco enfrenta Bragantino pela permanência na Série A

Published

on

By

Brasileiro: Vasco enfrenta Bragantino pela permanência na Série A

O Vasco joga, a partir das 21h30 (horário de Brasília) desta quarta-feira (6), a sua última cartada para fugir do rebaixamento da Série A do Campeonato Brasileiro. A Rádio Nacional transmite a partida decisiva do Cruzmaltino com o Bragantino, que será disputada no estádio de São Januário.

Com 42 pontos e ocupando a 16ª posição da classificação, a primeira fora da zona do rebaixamento, a equipe de São Januário depende apenas de si mesma para seguir na elite do futebol brasileiro no ano de 2024. Já em caso de tropeço diante do Massa Bruta o Vasco terá que torcer contra o Bahia, que enfrenta o Atlético-MG na rodada derradeira do Brasileiro.

🗓️ Próximo jogo do Gigante da Colina 💢📸: Leandro Amorim | #VascoDaGama pic.twitter.com/1aKzURZpi4
— Vasco da Gama (@VascodaGama) December 4, 2023

Apesar de vir de um revés de 1 a 0 para o Grêmio em Porto Alegre, o técnico Ramón Díaz segue apostando na permanência do Cruzmaltino na Série A da competição nacional: “Por todo o esforço, merecemos não cair [para a Série B]. A equipe está bem fisicamente e lutaremos até o final”.

Segundo o treinador argentino, a receita para escapar da degola é pontuar na 38ª rodada: “Me agrada porque continuamos competindo e seguimos tendo chance entre as três equipes que podem ser rebaixadas [Vasco, Bahia e Santos]. Quem tiver mais coragem e determinação, e quem vencer ou empatar, vai se salvar do rebaixamento”.

Como adversário o Vasco terá o Bragantino, uma das surpresas da atual edição do Campeonato Brasileiro. Durante parte da competição o Massa Bruta chegou a ficar próximo da liderança, mas acabou falhando no momento decisivo, o que fez o técnico Pedro Caixinha afirmar que em 2024 o nível de exigência deve ser maior: “Precisaremos aumentar a cultura de exigência. A melhoria individual nos levará à melhoria coletiva. Temos que continuar a crescer em relação ao que fizemos neste ano”.

Quarta-feira é dia de ver o Braga em solo carioca pela última rodada do @Brasileirao. 🔜#RedBullBragantino #VamosBraga #ForçaInterior pic.twitter.com/nSyIA3LvgQ
— Red Bull Bragantino (@RedBullBraga) December 4, 2023

Ocupando a 6ª posição com 62 pontos, o Massa Bruta entra em campo em busca de um objetivo, vencer para manter viva a possibilidade de terminar o Brasileiro na melhor posição possível. Com a classificação garantida para a fase prévia da próxima Libertadores, o Massa Bruta consegue no máximo alcançar a 5ª colocação: “Há dois pontos fundamentais para o próximo jogo. O primeiro é que temos que concluir nossos próprios objetivos, o que só alcançaremos se vencermos o jogo. Além disso, é um jogo difícil. Temos que respeitar o adversário e mostrar ética. Isso só pode ser feito disputando o jogo como se fosse uma final”.

Transmissão da Rádio Nacional

A Rádio Nacional transmite Vasco e Bragantino com a narração de André Luiz Mendes, comentários de Waldir Luiz, reportagem de Rodrigo Campos e plantão de Bruno Mendes. Você acompanha o Show de Bola Nacional aqui:

* Corrigido às 17h26, pois o Bragantino não tem chances de fechar o Brasileiro dentro do G4.


As informações e opiniões são de responsabilidade da Agência Brasil – EBC.

Continue Reading

⚡EM ALTA