Saúde
Insistência e milhões de cartas: conheça história do pai do Zé Gotinha

Com mais de 50 obras no Brasil e no exterior, Darlan Rosa se considera um artista plástico bem-sucedido, com uma carreira que vai da escultura em cimento à arte digital com inteligência artificial. Seu trabalho de maior sucesso e reconhecimento, porém, tem um traço simples e fácil de ser copiado: o Zé Gotinha, ícone do Programa Nacional de Imunizações (PNI), que completa 50 anos no próximo dia 18 de setembro e será celebrado por uma série de reportagens na Agência Brasil ao longo deste mês.
Mineiro da cidade de Coromandel, Darlan, de 76 anos, conta que a simplicidade foi proposital. Era importante que qualquer um pudesse desenhar o personagem, em uma época em que não era tão fácil produzir uma cópia de um panfleto ou cartaz.
“As agências de publicidade debochavam que era um personagem que não tinha mãozinha, que não tinha pé. E, naquela época, havia uma predominância de uma estética Disney, com personagens gordinhos, com a mão com luva, toda uma filosofia que, no meu entender, não se encaixava em um personagem para a saúde pública”, lembra o desenhista, em entrevista à Agência Brasil.
Darlan começou a desenhar na infância, quando também praticava com materiais como pigmento em pó e cimento da fábrica de ladrilhos de seu pai. A contaminação por esses produtos desde a infância fez com que, na meia-idade, uma alergia intensa causasse uma paralisia em um dos olhos e o obrigasse a abandonar as tintas. O artista, então, abraçou o mundo digital e hoje desenvolve trabalhos com computação gráfica e inteligência artificial.
Personagem Zé Gotinha é um dos protagonistas do Programa Nacional de Imunizações (PNI) – Tânia Rêgo/Agência Brasil
“Marcou minha vida”
A insistência em continuar a produzir também marcou os primeiros passos do Zé Gotinha. Darlan Rosa conta que precisou ser insistente para convencer o Ministério da Saúde a adotar aquele que viria a ser seu símbolo mais famoso. Havia a crença de que a vacinação era um assunto sério demais para ser divulgado com um personagem em animação, conta ele, que foi ajudado por crianças de todo o Brasil, que soterraram o ministério com milhões de cartas com sugestões de nomes para o Zé Gotinha.
“Demos a ideia de fazer um concurso para escolher o nome do personagem, porque aí poderíamos medir se ele tinha carisma ou não. E foi um boom. Foram mais de 11 milhões de cartas, e o próprio ministério ficou meio pasmo“, recorda. “Eu virei uma sarna em cima do ministério depois que criei o boneco. Fiquei lutando por aquilo. E, até hoje, é uma coisa que marcou a minha vida de uma maneira muito grande.”
Darlan Rosa vai contar a história do Zé Gotinha em livro que será lançado em setembro – Joédson Alves/Agência Brasil
O criador do Zé Gotinha vai contar a história de como o personagem nasceu e ajudou o Brasil a vencer a poliomielite, que teve o último caso no país em 1989. O livro Zé Gotinha Herói Nacional, editado pelo Ministério da Saúde, será lançado no dia 10 de setembro, na Bienal do Livro do Rio de Janeiro.
Agência Brasil: Nestes 50 anos de PNI, o Zé Gotinha é um dos protagonistas. O que você acredita que fez ele funcionar tão bem?Darlan Rosa: Fazendo uma análise depois de todo esse tempo, quando eu criei o personagem, percebi que havia um engajamento muito grande das vacinadoras. A maior parte era mulher. Eu criei um personagem para elas, e fiz um personagem super simples, para que qualquer pessoa pudesse desenhar. Havia uma demanda muito grande de cartazes, de hoje para amanhã, para fazer uma vacinação em uma escola, para fazer uma ação de bloqueio. E, naquela época, não tinha xerox no serviço público. Era tudo feito à mão. Então, eu fui em todos os estados divulgar o personagem, e eu dizia para as vacinadoras, esse é o filho de vocês, que vocês têm que educar e transformar em um grande educador, como vocês também são. E houve esse engajamento. Nesses 37 anos do Zé Gotinha, muitas vezes, o ministério não queria usar, mas os estados e as vacinadoras continuaram usando e pressionando o ministério para que fizesse campanhas usando o Zé Gotinha. Elas têm esse grande mérito de ter colocado o personagem no imaginário brasileiro.
Agência Brasil: A ideia, então, era que ele fosse bem simples de ser desenhado?Darlan Rosa: As agências de publicidade debochavam que era um personagem que não tinha mãozinha, que não tinha pé. E, naquela época, havia uma predominância de uma estética Disney, com personagens gordinhos, com a mão com luva, toda uma filosofia que, no meu entender, não se encaixava em um personagem para a saúde pública. E vejo que, hoje, grande parte dos personagens do mundo dos games é como o Zé Gotinha, sem mãozinha, sem pé, porque facilita o computador a movimentá-los em cena. Coincidentemente, o Zé Gotinha hoje é totalmente contemporâneo, mais até do que quando foi criado.
Agência Brasil: A ideia foi mal recebida inicialmente pelo ministério. Como foi esse convencimento para que o Zé Gotinha pudesse ser usado? O que virou essa chave?Darlan Rosa: O ministério tinha muito receio porque uma campanha de vacinação precisava vacinar milhões de crianças em um único dia, o que tem um custo muito grande. E, se você introduzisse um personagem na campanha e ela fracassasse, o prejuízo seria muito grande. Também havia pessoas dentro do ministério que achavam que não se podia tratar vacinas como fantasia, que era uma coisa séria demais para colocar um personagem engraçadinho pulando. O Zé Gotinha foi criado dentro da secretaria em que ficava o PNI e que também tinha um grupo de educadores em saúde. Primeiramente, eu os convenci de que poderíamos criar um projeto educativo a longo prazo. Quando o Zé Gotinha foi criado, a encomenda que eu recebi era só de criar uma logomarca para marcar o compromisso do Brasil de erradicar a pólio. Quando levei a ideia do personagem, me disseram: “Mas nós não te encomendamos isso. Queremos só a logomarca”. Mas meu raciocínio foi o seguinte: se o maior prejuízo da criança com a pólio é a mobilidade, o personagem precisa andar, pular e ser feliz. Essa era a tônica que a gente estava trazendo. Então, demos a ideia de fazer um concurso para escolher o nome do personagem, porque aí poderíamos medir se ele tem carisma ou não. E foi um boom. Foram mais de 11 milhões de cartas. O próprio ministério ficou meio pasmo, e começamos a perceber que o nome Zé Gotinha era recorrente. Mas, mesmo assim, não conseguimos colocar ele na campanha, e foram feitos filmes com ele para a vacinação de rotina. Só que isso teve uma repercussão muito grande, foi muito comentado pela mídia. E, então, em setembro de 1988, finalmente conseguimos a campanha.
Concurso para escolha do nome do Zé Gotinha recebeu mais de 11 milhões de cartas – José Cruz/Agência Brasil
Agência Brasil: Então, o Zé Gotinha foi criado em 1986 e só estrelou uma campanha anos depois?Darlan Rosa: Isso, em 1988. Nesse período, fiz uma história em quadrinho, fiz joguinhos, fiz cartazes. Uma coisa que poucas pessoas sabem e que não chegou a ser veiculado é que o primeiro nome dele era Vax, uma abreviatura de vacinas em inglês que era muito usada. Vou lançar um livro na bienal que resgata essa história: Zé Gotinha Herói Nacional.
Agência Brasil: O Zé Gotinha participou da cerimônia em que o Brasil recebeu o certificado de eliminação da pólio. O que você sentiu naquele dia?Darlan Rosa: Eu estava nos Estados Unidos naquela época, acho que em 1995, mas tenho um filme dele na cerimônia junto com o presidente Itamar Franco. O boneco foi na solenidade. Imagine o impacto que isso teve na minha vida. Anos antes de fazer esse personagem, tive um programa infantil na TV, em que desenhava personagens para crianças. Eu já fiz personagens para campanhas para dormir, para lavar a mão, para não fumar. Quando veio a ideia de uma logomarca para campanha de pólio, eu vi que era uma oportunidade de ouro. Eu virei uma sarna em cima do ministério depois que criei o boneco. Fiquei lutando por aquilo. E, até hoje, é uma coisa que marcou a minha vida de uma maneira muito grande.
Agência Brasil: Você trabalhou no Unicef depois do sucesso do Zé Gotinha. Essa experiência brasileira foi exportada? O Zé Gotinha inspirou outros personagens pelo mundo?Darlan Rosa: Eu fiz o Zé Gotinha em um convênio entre o Ministério da Saúde e o Unicef, trabalhei no ministério e depois fiquei 16 anos colaborando com o Unicef. Eu fiz a campanha que erradicou a pólio em Angola, com um personagem também, que lá era uma estrela. A experiência em Angola foi o seguinte: o país estava em guerra civil, e o vacinador não podia entrar na zona rebelde para vacinar. Então, a ideia foi criar um personagem que trouxesse a criança para ser vacinada. Fiz também nos Estados Unidos uma campanha veiculada nos países do Terceiro Mundo sobre micronutrientes, também com personagem, e acabei fazendo uma trilogia sobre iodo, vitamina A e ferro. E esses livros foram traduzidos em várias línguas.
Agência Brasil: Você defende que é preciso falar de vacinas sem assustar, mas existe uma avaliação hoje de que falta percepção de risco sobre as doenças que as vacinas controlaram. Como vê esse equilíbrio entre conscientizar do risco e assustar?Darlan Rosa: Se você tem um personagem que significa proteção e você vai receber ele dentro do seu corpo, você vai receber uma coisa boa. Não tem que ter medo. Eu sou completamente contra o terrorismo nas campanhas. Quando fiz a campanha em Angola, em 1999, Luanda tinha 3 milhões de habitantes e dez vezes mais morando na rua, porque o país estava todo minado. Em um país em que a subnutrição era tal que as pessoas comiam dia sim, dia não, tinha que falar para as pessoas que elas tinham que se vacinar porque tem uma doença chamada pólio, quando elas estavam preocupadas com ataque, com bomba, com subnutrição. Isso nem entrava na cabeça deles. E não tinha TV, rádio e jornal para sustentar essa campanha. Mas, quando cheguei lá, percebi que as pessoas tinham algo como o nosso cordel, uma comunicação em quadros que era poética, e eu surfei nessa onda. O personagem lá, que se chamava Cuia, que era uma estrela de cinco pontas, toda em forma de poesia. Reunimos escoteiros, associações, igrejas e criamos um time de 1 milhão de entregadores de mensagens, porque era oral a comunicação, no meio de uma guerra. E a estrelinha se chamava Cuia porque era uma palavra com entendimento em todos os dialetos, era algo bom, algo doce. Isso tudo é para dizer que não creio no terrorismo. inclusive no ano passado, quando o filho do Bolsonaro colocou uma arma na mão do Zé Gotinha, fiquei possesso, porque era o trabalho de uma vida sendo estragado. Eu acredito na educação e no conhecimento.
Personagem Zé Gotinha é símbolo da campanha de vacinação que ajudou a erradicar a pólio no país – Marcelo Camargo/Agência Brasil
Agência Brasil: Você chegou a se manifestar publicamente quando o Eduardo Bolsonaro postou o desenho do Zé Gotinha empunhando uma seringa como uma metralhadora. Já houve outros episódios em que representações do personagem te incomodaram?Darlan Rosa: Essa foi a primeira vez. Às vezes, você vê um grupo de vacinadores que tenta fazer o personagem e ele acaba virando uma espécie de fantasma. Mas eu sempre convivi com isso achando que era muito mais vontade de acertar e não ter recursos do que algo de propósito. Uma vez, alguém postou no Twitter, nos Estados Unidos, e comecei a receber mensagens de que o símbolo da vacinação no Brasil era um boneco da Ku Klux Klan. Eu fiquei muito indignado. Eu não gosto de rede social, mas entrei para fazer um convencimento. Isso tinha viralizado no mundo em plena pandemia. Tentei interceptar todos os posts que eu pude para explicar que não tem essa história de Ku Klux Klan. E essa americana depois postou dizendo que entendeu a situação, e uma rádio americana fez uma matéria dizendo que o Zé Gotinha era o maior programa educativo pró-vacina do mundo.
Agência Brasil: O governo anterior deu espaço a militantes antivacina em uma audiência pública no momento em que era necessário apressar a vacinação infantil contra a covid, e o próprio presidente disse que não vacinaria sua filha. Como foi testemunhar aquele momento, para alguém que trabalhou pela adesão à vacinação?Darlan Rosa: Eu, por natureza, procuro não me envolver em política. Mas, desse governo passado, o que eu não perdoei e fiquei possesso foi a atitude do presidente em relação à vacina. Em 2020, nós não tínhamos vacina, mas tínhamos um ativo de comunicação que era o Zé Gotinha, que podia ter sido usado para divulgar as noções básicas de proteção contra a covid. Fiquei irritadíssimo com isso e mandei várias mensagens para o ministério, falei com várias pessoas. Cheguei a publicar nas minhas redes e paguei do meu bolso para impulsionar uma publicação, em que o Zé Gotinha dizia assim: “Fique vivo enquanto você me espera”. Mas uma campanha dessa foi um pingo d’água num oceano. Eu não perdoo que o governo passado destruiu um trabalho de 30 anos. Esse convencimento da necessidade da vacina tem que ser reconstruído praticamente, porque foi destruído. A grande sorte do programa de vacinação foi que a mídia nunca abandonou essa ideia, ela sempre esteve junto, divulgando.
Agência Brasil: O Zé Gotinha também pode ser um instrumento de combate às fake news?Darlan Rosa: Com certeza. Ele tem que estar nas redes sociais. Se pode publicar campanhas, animações de 15 segundos que tratam de assuntos variados, e, inclusive como se dá a vacinação, a criação da vacina, a proteção. Existe um desconhecimento geral da população sobre o que é a vacina. Outro dia, vi alguém falando que estavam desenvolvendo uma vacina covid via oral, e a pessoa argumentava que ela era o ideal porque quando a pessoa tomava, os resíduos da vacina na boca já combatiam o vírus assim que ele chegava. Na realidade, a vacina não enfrenta o micróbio, ela ensina o sistema imunológico a se defender. Eu tinha vontade de que as crianças soubessem disso. Inclusive, no meu livro, abordo isso. É bom bater nessa tecla porque existe um espaço para fake news. É preciso bater firme nessa parte educativa.
Para Darlan Rosa, Zé Gotinha também ajuda no combate às fake news contra vacinas – José Cruz/Agência Brasil
Agência Brasil: A “volta Zé Gotinha” foi muito aclamada com o Movimento Nacional pela Vacinação iniciado neste ano. Ele também está sendo celebrado em uma campanha com a Xuxa. O que ele representa hoje?Darlan Rosa: Essa associação do Zé Gotinha com a Xuxa foi genial, porque as crianças da época da Xuxa são os pais de hoje, que têm a responsabilidade de vacinar seus filhos. Essa associação nesse momento foi muito oportuna e uma bela sacada. Hoje, eu sou um artista plástico relativamente bem-sucedido. Tenho 58 obras públicas em Brasília, tenho obras em vários países, mas as pessoas sempre dão importância quando ficam sabendo que eu criei o Zé Gotinha. Percebo que há uma unanimidade nesse país sobre a importância e o carisma desse personagem. E ele estava sendo marginalizado e enterrado. E, quando vem um governo que fala “cadê o Zé Gotinha?”, e esse governo dá a ele uma importância de símbolo nacional, não só de vacinação, porque acho que ele já ultrapassou isso, dá importância de um símbolo nacional de saúde, isso encontra no imaginário popular essa admiração pelo personagem, esse carinho. Faltava que se desse importância a ele. Não vou dizer que o Zé Gotinha é fenomenal, estupendo. É um personagem simples que, ao longo dos anos, conquistou o imaginário popular.
As informações e opiniões são de responsabilidade da Agência Brasil – EBC.
Saúde
Brasil deve recuperar em breve certificado de eliminação do sarampo

O diretor da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), Jarbas Barbosa, disse neste sábado (9) que o Brasil deve recuperar, nos próximos meses, seu certificado de eliminação do sarampo. A afirmação foi feita durante seminário sobre vacinação na Academia Nacional de Medicina, no Rio de Janeiro.
“O Brasil já se encontra há um ano sem nenhum caso novo diagnosticado, o que nos permite também ter uma esperança muito grande de que, nos próximos meses. a comissão de verificação possa certificar novamente o país”, disse Barbosa.
O Brasil recebeu certificado de eliminação do sarampo em 2016 da Organização Mundial da Saúde (OMS), mas acabou perdendo em 2019, devido a um surto da doença.
As Américas foram o primeiro continente a receber um certificado regional de eliminação da doença, mas surtos tanto no Brasil quanto na Venezuela, que também perdeu o documento em 2019, fizeram com que a certificação regional fosse suspensa em 2018, segundo Barbosa.
Uma comissão da Opas verificou recentemente que a Venezuela interrompeu a transmissão da doença, faltando apenas o Brasil para que o continente possa novamente ser considerada região livre do sarampo.
Cobertura vacinal
O sarampo pode ser evitado com a imunização da população. A ministra da Saúde, Nísia Trindade, que também participou do seminário, afirmou que, desde 2016, o Brasil enfrenta o fenômeno da hesitação vacinal, com campanhas de desinformação que fazem com que a população deixe de buscar a imunização e a cobertura vacinal caia.
Segundo ela, no entanto, dados preliminares do Ministério da Saúde, que devem ser divulgados nos próximos dias, mostram que a cobertura vacinal no país voltou a aumentar este ano.
“Temos clareza de que muito trabalho há que ser feito”, disse Nísia. “Nós instituímos uma plataforma, Saúde com Ciência, como estratégia de governo, interministerial, para esclarecer à população e também identificar práticas criminosas de desinformação, de disseminação de notícias falsas”.
Segundo Jarbas Barbosa, os governos dos diversos países precisam monitorar, todos os dias, e desmistificar boatos que surgem contra as vacinas nas redes sociais.
“As desinformações estão praticamente todos os dias nas redes sociais, então uma campanha de esclarecimento anual não tem muito papel. O que temos procurado é estimular os países a ter um monitoramento diário de redes sociais, de não deixar nenhum boato, rumor ou desinformação sem resposta apropriada, porque isso é como uma bola de neve, que vai crescendo. E, sem dúvida nenhuma, que vai fazer com que as pessoas percam a confiança na vacina”, disse ele.
Para Barbosa, além de combater as notícias falsas, é preciso adotar outras medidas para ampliar o alcance da vacinação, como sensibilizar os profissionais de saúde, monitorar as coberturas vacinais e ampliar a oferta em alguns lugares.
O diretor cita, por exemplo, a dificuldade de vacinar crianças em áreas violentas das grandes cidades. Ele destaca que é preciso ampliar o horário de atendimento em postos de vacinação, de modo que fique mais fácil para os trabalhadores levar os filhos para serem imunizados. Assim é possível evitar áreas de pouca imunização.
“Precisamos identificar [a cobertura vacinal] bairro por bairro e não trabalhar com a média de cobertura de uma cidade. A média de cobertura de uma cidade como o Rio de Janeiro não nos conta nada. A média pode ser adequada, mas temos em várias áreas uma cobertura muito baixa. Então, precisamos ter novos sistemas analisar os dados, identificar as barreiras [para a vacinação] e adotar estratégias para superar essas barreiras”.
As informações e opiniões são de responsabilidade da Agência Brasil – EBC.
Saúde
Sem custos extras, emergências conseguem reduzir superlotação em 28%

Pacientes em macas improvisadas pelos corredores e outros esperando por atendimento médico. Essa é a realidade da maioria das emergências dos hospitais públicos brasileiros. Desde 2017, um projeto leva novas práticas para desafogar os prontos-socorros.
Chamado Lean nas Emergências, o projeto liderado pelo Ministério da Saúde em parceria com os hospitais Sírio-Libanês, em São Paulo, e Moinhos de Vento, em Porto Alegre, aponta para queda de 28% na superlotação e mais de 30% no tempo de permanência dos pacientes (internados e não internados) em 72 hospitais públicos e filantrópicos, de 26 estados.
O termo lean, do inglês, significa produzir com a máxima eficiência e qualidade, sem desperdício. A estratégia de gestão é bastante aplicada em diversos setores econômicos, grandes empresas, como na indústria automotiva, e até mesmo em startups.
O projeto chega com o intuito de mudar a operação e o fluxo das unidades de saúde para melhor atender os pacientes em situação emergencial.
A gerente de Projetos de Compromisso Social do Hospital Sírio-Libanês, Carina Tischler Pires, explica que as crises nos prontos-socorros são resultado de três fatores: alto volume de pacientes, falta de leitos para internação por causa do tempo elevado de permanência dos pacientes, além de processos de trabalho pouco eficientes e integrados entre as áreas.
O projeto visa atacar essas questões, utilizando recursos e profissionais já disponíveis no hospital.
“Acreditamos que as atividades desenvolvidas sejam capazes de promover a autonomia intelectual e assistencial dos profissionais envolvidos, resultando em melhora na passagem do paciente pelo serviço de urgência, até sua chegada ao local correto, com recurso correto e no tempo correto”, diz a gerente.
As medidas têm reflexo, ainda, no número de mortes: a redução projetada média é de 3% ao mês na taxa de mortalidade, ou seja, 10.142 vidas impactadas.
“Estima-se também que o projeto Lean nas Emergências é capaz de gerar um aumento de vagas de internações de 19.672 por mês. Este aumento de vagas é atingido com a redução do tempo médio de permanência hospitalar com a implantação das ferramentas pela equipe do hospital, sem aumento de custos, construção de novos leitos ou contratação de equipe extra”, ressalta Carina Pires.
Mais agilidade
A Santa Casa de Jahu, referência para população de 12 cidades no interior paulista pelo SUS, aderiu ao Lean nas Emergências.
Uma das medidas adotadas foi a implantação do fluxista do Pronto-Socorro – profissional que encaminha o paciente ao consultório, para fazer exames e controla o tempo de permanência para que o atendimento seja o mais rápido possível e eficiente.
A estratégia Huddle também entrou na rotina dos profissionais do hospital. Trata-se de uma rápida reunião diária da equipe, de até 15 minutos, quando é feito um checklist do que está acontecendo na emergência, quais pacientes continuam internados, previsão de altas hospitalares e tratamentos a serem seguidos, o que contribui para segurança dos pacientes.
“Outra medida exitosa foi a criação da sala de alta, onde os pacientes elegíveis aguardam por seus familiares, sendo este um ambiente humanizado. Desta forma, temos o leito liberado com celeridade podendo ser ocupado por outro paciente de forma mais fluida e rápida”, conta a coordenadora de Enfermagem, da Santa Casa, Regiane Laborda.
Desde o ingresso no projeto, a unidade reduziu em 20% o tempo de passagem dos pacientes.
Até agosto de 2023, 216 hospitais públicos e filantrópicos participaram do Lean nas Emergências, sendo 37 em fase de implementação. Mais de 7,7 mil profissionais foram capacitados em visitas presenciais e cursos à distância. O projeto integra o Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS).
As informações e opiniões são de responsabilidade da Agência Brasil – EBC.
Saúde
Forças de segurança irão intensificar abordagens em Copacabana

As forças de segurança do Rio de Janeiro irão intensificar as abordagens e melhorar a distribuição do policiamento nas ruas, após casos de violência em Copacabana, na zona sul da cidade. Nesta quinta-feira (7), representantes das forças de segurança do estado reuniram-se para traçar estratégias para coibir atos de violência na cidade. As ações começam a ser implementadas ainda nesta quinta e seguem no final de semana.
Uma das medidas anunciadas pelo governo do estado foi um corredor de segurança, com a distribuição de viaturas baseadas ao longo da Avenida Nossa Senhora de Copacabana, uma das principais do bairro, das 18h às 23h. Em seguida, o corredor será reposicionado ao longo da Avenida Atlântica, que se estende pela beira-mar do bairro mais turístico da cidade.
“A gente sabe que nos últimos dias alguns acontecimentos têm tirado a tranquilidade da população e iremos, aqui, com o compromisso de buscar a tranquilidade, mostrar à população, para que se tenha uma sensação melhor de segurança”, disse o secretário de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, Victor César dos Santos.
Estavam presentes representantes tanto da Polícia Civil, quanto da Polícia Militar e da Operação Segurança Presente – vinculada ao governo e formada por policiais militares, agentes civis e assistentes sociais.
Segundo a Polícia Civil, o que há é uma sensação de insegurança em Copacabana maior do que a insegurança real em si. De acordo com os policiais, os números mostram que o bairro teve o menor índice de roubos e furtos registrados em novembro.
Neste final de semana, um idoso foi agredido e roubado na Avenida Nossa Senhora de Copacabana após tentar ajudar uma moça que estava sendo abordada pelos criminosos. A Polícia Civil informou que identificou outras duas pessoas que participaram do assalto na manhã desta quinta. O homem que atacou o idoso com um soco já havia sido identificado nessa quarta-feira (6).
Ação de “justiceiros”
Copacabana também virou palco de outra violência, a ação de “justiceiros”. Declarando-se insatisfeitos com os episódios de assaltos violentos em seu bairro, grupos de moradores de Copacabana, na zona sul do Rio de Janeiro, resolveram fazer justiça com as próprias mãos e se unir contra os criminosos. Por meio de redes sociais e aplicativos de mensagens, passaram a convocar outras pessoas a reagirem aos roubos na área turística carioca e a se vingarem de suspeitos desses crimes.
Vídeos e mensagens veiculados pela imprensa carioca mostram pessoas incitando a agressão contra os assaltantes.
Sobre esses casos, a Polícia Civil disse que está trabalhando com o setor de inteligência para identificar as pessoas envolvidas. Foram feitos dois registros de ocorrência sobre o caso e uma vítima foi encontrada, ouvida e levada para fazer exame de corpo de delito.
O governo ressaltou que esses crimes não serão tolerados e que a população precisa confiar nas leis, polícias, Ministério Público e Poder Judiciário, que são as instituições que devem agir quando esses crimes acontecem.
As informações e opiniões são de responsabilidade da Agência Brasil – EBC.
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