Bolsonaro deve demitir ministro por tentativa de diálogo com a Globo
Segundo diferentes meios que acompanham a cobertura política da crise que vem envolvendo a saída do ministro Gustavo Bebianno do primeiro escalão do governo de Jair Bolsonaro, a primeira baixa relevante do mandato do PSL pode ter sido causada não pelo seu suposto envolvimento no esquema de candidaturas laranjas que se apossavam de verba pública, mas sim por uma aproximação com a Globo, considerada inimiga do núcleo mais radical que cerca o presidente.
O próprio chefe do poder Executivo questionou “como você coloca nossos inimigos dentro de casa?” após saber que Bebianno marcou uma reunião com Paulo Tonet Camargo, vice-presidente de Relações Institucionais do Grupo Globo, no Palácio do Planalto. O registro do diálogo foi feito pela revista Veja.
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Tonet também é presidente da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert). Segundo interlocutores de Bebianno, a conversa, depois cancelada, seria em busca de obter apoio para a proposta de reforma da Previdência Social, impopular perante os brasileiros mesmo diante da torcida quase unânime da imprensa desde os primeiros esboços lançados ainda por Michel Temer. O jornal El País registra que o núcleo político considera necessária uma ponte do Planalto com o maior grupo de mídia do Brasil.
Bolsonaro, que já não nutria simpatia pela Globo desde a campanha, passou a ser ainda mais antipático ao canal depois da cobertura jornalística sobre o escândalo envolvendo o gabinete do seu filho Flávio na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.
Coincidência ou não, a notícia sobre a saída de Bebianno, ainda não confirmada oficialmente, foi dada em primeira mão pelo SBT e replicada em seguida pela RecordTV. As duas emissoras vem sendo o principal espaço da família Bolsonaro para a concessão de entrevistas.
As suspeitas levantadas sobre o real motivo de Bebianno ter caído em desgraça são reforçadas pela estabilidade de Marcelo Álvaro Antônio, ministro do Turismo. Ele é alvo de denúncias similares sobre a mentoria de candidaturas laranjas, inclusive com investigação já em curso pela Procuradoria Regional Eleitoral de Minas Gerais, mas permanece intacto no cargo, sem sofrer pressões dos filhos de Bolsonaro no Twitter. Eduardo, deputado federal por São Paulo, inclusive republicou uma mensagem em que a principal crítica ao ministro Bebianno é “ter amigos no establishment” e não suas eventuais complicações criminais.
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