Amor de Mãe chegou ao fim nesta sexta-feira, dia 09 de abril. (Foto: Divulgação)
Chegou ao fim nesta sexta (09) a saga de Amor de Mãe. A primeira novela de Manuela Dias (autora da aclamada minissérie Justiça) estreou em 2019, carregada de expectativas e com muitas promessas de apresentar uma trama inovadora e orgânica, mas que não fugisse do estilo novelão. E, em sua essência, foi exatamente isso que a história de Lurdes (Regina Casé) e Domênico/Danilo (Chay Suede) foi: Um novelão à moda antiga.
Contudo, não sem percalços. No meio do caminho, havia uma pandemia. A cerca de 50 e tantos capítulos de seu final, Amor de Mãe precisou ser paralisada no momento em que todo o mundo precisou parar. E foi assim que a novela, reduzida, ganhou apenas mais 23 capítulos para encerrar sua trama.
Essa pressa, que marcou toda a segunda parte da exibição da trama (estes 23 capítulos), também foi vista neste último capítulo. Sem tempo para desenvolver as histórias de seus personagens com a calma e a atenção que elas mereciam, Manuela Dias precisou apenas pincelar algumas histórias: a verdadeira mãe de Thiago, a história de amor de Sandro e Betina, o futuro de Leila e Penha… Todas foram tramas que ganharam apenas uma ou duas cenas neste derradeiro final.
Lacombe é afastado da RedeTV
Outros personagens, como Marina, sequer apareceram. Ou apareceram e tiveram quase nenhuma participação, como Lídia. Para finalizar à altura a trama que começou a contar há dois anos, Manuela precisou voltar as atenções para o que todos queriam ver: o desfecho do novelo entre Lurdes, Danilo e Thelma. E a autora, há que se dizer, conseguiu encerrar bem seu arco principal.
Mesmo recorrendo aos básicos clichês de uma telenovela em reta final, como o sequestro de um personagem (no caso, Caio, bebê de colo filho de Danilo e Camila), Amor de Mãe conseguiu convencer por já tratar a loucura de Thelma, a vilã desta reta final, como algo que desabrochou ante a possibilidade de perder Danilo. Assim, ficou fácil comprar tanto o sequestro quanto o desfecho aqui apresentado: a ligação dela para o filho no momento em que sente que está prestes a morrer.
E, tanto neste momento quanto em outros, é fácil entender porque, mesmo exigindo uma boa dose de boa vontade para certos momentos, a novela funcionou: A força de seus atores. Se Regina Casé foi a dona dos capítulos de terça e quarta com o encontro de Lurdes e Danilo, Adriana Esteves e Chay Suede estavam em estado de graça e dominaram a cena neste final. Seja no encontro no hotel ou na última conversa à beira de uma cama de hospital, os dois transmitiram toda a emoção e verdade que as sequências pediam.
Destaco, principalmente, o momento em que Danilo resgata Caio e vê Thelma, ao chão, implorando por sua atenção. Mesmo com uma máscara no rosto, o ator conseguiu passar apenas com um olhar o ódio e o desprezo que sentia pela mãe de criação após descobrir os crimes cometidos por ela.
Amor de Mãe e covid: um sopro de esperança
Manuela Dias reservou os minutos finais de sua história, contudo, para entregar ao telespectador um pouco de esperança. Em uma sequência a céu aberto após uma passagem de tempo, vemos os personagens abraçados e comentando que a pandemia no mundo está finalmente controlada. Metade da população está vacinada e ninguém usa mais máscara.
Parece um futuro surreal e inalcançável de ser atingido, especialmente em um momento em que o Brasil enfrenta a pior fase da pandemia. Porém, é, ao mesmo tempo, a promessa de que dias melhores virão. Só basta esperamos. É um pouco sonhador? Talvez.
Mas essa é a função da novela. Fazer sonhar e desconectar o público, ao menos um pouco de sua realidade. E, nisso, Manuela Dias foi exemplar.
Entre altos e baixos (mais altos do que baixos), Amor de Mãe sai de cena com um gostinho agridoce de que as coisas poderiam ter sido melhor trabalhadas se houvessem mais capítulos, mas, ao mesmo, com a sensação de dever cumprido. Seja bem vinda ao mundo dos novelistas, Manuela Dias.
Comente com seu Facebook