Novelas
Crítica: Sem dizer a que veio, Verão 90 estreou parecendo uma versão do Vídeo Show Retrô
A estreia de Verão 90, ocorrida na última terça, 29, chamou a atenção de quem estivesse assistindo. Qualquer pessoas na casa dos 30 anos se impressionou com a quantidade de referências visuais e até no texto sobre os Anos 80 e Anos 90. Porém, a estreia da novela parou por aí.
Em seu primeiro capítulo, razoavelmente curto para uma estreia de novela global, o folhetim que tem a assinatura de Isabel de Oliveira e Paula Amaral, se ancorou quase que exclusivamente nas citações e referências sobre a década de 80 e, com menor quantidade nos Anos 90. Deixando a história e personagens de lado, a novela mais parecia uma versão moderna do Vídeo Show Retrô.
Entre muitos equívocos, o mais evidente deste primeiro capítulo foi a opção das autoras por iniciar a história com uma primeira fase que durou menos de um capítulo. A intenção em mostrar a construção da relação do trio de protagonistas acabou mal explorada e sem poder de convencimento.
Isso porque, com poucos minutos de arte, a trama girou pelos Anos 80 e teve, além de uma enxurrada de referências, que apresentar as personagens e construir a relação do trio participante do grupo Patotinha Mágica. O grupo, aliás, durou menos que 15 minutos no vídeo e, seu cancelamento brusco que deveria emocionar o público foi tão impactante quanto ler sobre horóscopo no jornal, fato corriqueiro nos Anos 90.
A cena que poderia ser um marco da novela, a separação entre Manuzita e João, não emocionou e também, pudera. Não há condições de torcer por um casal que teve menos de 10 cenas. Se a intenção foi reproduzir o casal Ritinha e Batata, de Avenida Brasil, o tiro saiu pela culatra.
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E o erro é recorrente. Em O Tempo Não Para, logo na estreia, percebeu-se o mesmo equívoco com a primeira fase que, aliás tem sido moda na Globo. Nos dois casos ficou nítida a necessidade de uma primeira fase mais duradoura, com mais capítulos. Especificamente em Verão 90, outra opção válida seria iniciar já nos Anos 90 e mostrar o histórico dos protagonistas em flashback.
Em termos de atuação não houve grande destaque. Até porque, a produção se preocupou mais em mostrar nomes como Chacrinha, Beto Barbosa e outros famosos do fim dos Anos 80 e início dos Anos 90 a permitir uma apresentação sólida de seus personagens. Quem mais apareceu foi Cláudia Raia, na pele de Lidiane a atriz teve mais oportunidades, porém, a primeira impressão que se ficou foi de uma composição acima do tom e que vai necessitar de ajustes.
Jorge Fernando, por sua vez, utilizou o que ele sabe de melhor. Tons solares e uma fotografia quase ultravioleta. Com muitas cores e figurinos caricatas, a imagem do que se viu no ar chamou a atenção e agradou neste primeiro momento. Vale ressaltar que Jorge Fernando é, atualmente, o maior especialista no horário em termos de direção.
Se algo de positivo aconteceu neste primeiro capítulo foi a abertura. Completamente diferente de tudo que se vê na profusão de lugares-comuns que são as aberturas de novelas da Globo, Verão 90 inovou com a colagem de diversos momentos da TV brasileira nos Anos 90. Embora a escolha da música tema seja um equívoco. Seria muito melhor a abertura ao som de uma lambada.
É impossível dizer se uma novela vai ser boa ou ruim apenas pelo primeiro capítulo. No caso em especial de Verão 90 torna-se quase impossível, uma vez que, embora exibido seu primeiro capítulo, a novela não estreou. O que se viu até agora foi uma inspiração para um possível retorno do finado Vídeo Show. Se a intenção era investir na nostalgia, o capítulo terminou cheirando a naftalina.
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