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Na cobertura da tragédia de Brumadinho, RecordTV se destaca e SBT decepciona
Como já vinha ocorrendo desde as primeiras informações sobre o desastre na barragem de Brumadinho, Globo e RecordTV dominaram a cobertura sobre o assunto em seus telejornais do horário nobre.
A emissora carioca exibiu inúmeros boletins sob o comando de Renata Vasconcellos ao longo da tarde, chegando a dividir a tela mesmo enquanto a bola rolava na Copa São Paulo de Futebol Júnior. A intervenção foi para noticiar a confirmação do número de desaparecidos, que então era de 200 (estava em 150 no fechamento desta reportagem). A rede abriu espaço ainda para o pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro em Brasília.
O chefe do Executivo falou com exclusividade para a RecordTV, confirmando a visita que fará para sobrevoar a região na manhã deste sábado (26). O antecipado Cidade Alerta fez uma boa cobertura, mas pecou ao cair na tentação de em alguns instantes aflorar o bairrismo e abrir espaço para um temporal padrão de verão em São Paulo, daqueles que se acumulam aos montes no início do ano. Na capital paulista, nenhuma vítima no dia.
No horário nobre, o Jornal da Band foi esticado até um pouco mais tarde. A edição do telejornal teve diversas falhas técnicas, mas conseguiu informar ao vivo de Brumadinho, mesmo que por telefone.
Foi um resultado bem mais relevante ao telespectador que o do SBT Brasil, que tocou boa parte da sua edição como se tratasse de uma sexta-feira comum. O noticiário sobre o rompimento da barragem foi concentrado em um parco espaço nos minutos finais. E a emissora não pode se queixar de falta de estrutura, já que conseguiu até link da TV Alterosa, sua afiliada mineira, em Brumadinho.
Mais cedo, o canal já havia passado vexame com o assunto sendo ignorado pelo Fofocalizando, exibido ao vivo. Na Anhanguera, aparentemente boas coberturas do jornalismo só estão liberadas se calharem de vir durante a madrugada. É quase como se o trabalho ocorresse em um fuso que não o de Brasília.
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Já o Jornal Nacional fez uma cobertura correta. Informou sobre o tamanho do desastre e utilizou repórteres por diversas praças cobrindo os seus impactos. De deslize, a edição terminou com “boa noite” e trilha mesmo quando 7 mortos já estavam confirmados.
O modo padrão do JN permitiu que o telejornal mais completo da noite fosse o Jornal da Record. No primeiro grande teste da gestão de Antonio Guerreiro, o JR surpreendeu. A emissora, que já havia contado com a agilidade de sua sucursal mineira para registrar e divulgar um emocionante resgate que virou notícia em sites e emissoras de todo o planeta, trouxe o seu DNA de hard news, que andava adormecido, de volta.
Nos últimos anos, a RecordTV viu a Globo ser superior em coberturas como a do acidente aéreo com a equipe da Chapecoense ou pelo menos equivalente em ocasiões como a greve dos caminhoneiros e a prisão do ex-presidente Lula. Dessa vez conseguiu se sobressair, tal qual fazia há cerca de uma década.
Além da equipe da RecordTV Minas, o jornalista Eduardo Ribeiro foi rapidamente deslocado para Brumadinho. Ele estava apresentando o JR durante as férias de Celso Freitas. Sua segurança nas intervenções ao vivo é notória e mostra que ele merece desafios maiores que a cobertura política, geralmente imersa em protocolos que limitam o trabalho.
Adriana Araújo dispensa maiores comentários. Ela já se tornou um dos maiores nomes do país para coberturas ao vivo, com uma regularidade que faz com que a casa sempre escale ela ou Reinaldo Gottino como dupla padrão em momentos mais relevantes. Foi assim há pouco na posse presidencial, por exemplo.
Nesta sexta (26), o formato ajudou seu talento. Adriana recebeu especialistas no estúdio, como o comandante Hamilton, que comentou a perícia do resgate registrado pela emissora. E ficou a maior parte do tempo fora da bancada, fazendo um eficiente uso do telão do estúdio.
E ao contrário do que já ocorreu em outros momentos de comoção, não houve apelação no tom. A RecordTV dedicou um largo espaço ao tema, como ele merece, mas sem cair no sensacionalismo de outrora nem no oficialismo do presente quando trata da pauta política.
A tendência é de que o destaque siga ao longo do sábado, já que o canal programa o Fala Brasil no ar a partir das 7 da manhã, enquanto a Globo preferiu não repetir a realização de uma edição especial do Hora 1, como nos atentados de Paris em 2015. Na emissora líder, o primeiro espaço de jornalismo do dia será apenas no Hoje, às 13h20. É deduzível, contudo, que o É de Casa seja repleto de entradas, como as feitas por Renata Lo Prete nos breaks da noite passada.
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