Por que o Brasil não consegue chegar ao Oscar
Chegar ao Oscar é o objetivo máximo de qualquer produtor do filme. Levar o careca dourado traz uma sensação de dever cumprido, reconhecimento, além de abrir diversas portas para investimentos futuros. Contudo, ainda é complicado para filmes estrangeiros quebrarem a barreira invisível que se estabelece, levando-se em consideração que quase que a totalidade da Academia é americana e, apesar de tudo, o Oscar é uma festa para celebrar o cinema… norte-americano.
Para se ter uma ideia, é possível contar nos dedos os atores e atrizes que venceram nas categorias de atuação por filmes não falados em inglês – e um punhado conseguiu indicações. Em questão de técnica, graças as co-produções (filmes realizados por mais de um país), existem mais estrangeiros indicados, mas ainda assim, é um número bem pequeno comparado com o geral.
Nos últimos anos, o cinema brasileiro tem tentado chegar lá, mesmo que a indicação em si ainda não tenha chegado. “Cidade de Deus”, indicado a 4 Oscars (Melhor Direção, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Edição e Melhor Fotografia), foi o último filme a conseguir mais de uma indicação. Contudo, na categoria de Melhor Filme Estrangeiro, desde “Central do Brasil”, o representante brasileiro não chega lá, mesmo com filmes elogiados e premiados em festivais como “Que Horas Ela Volta?”, “O Palhaço” e “Hoje Eu Quero Voltar Sozinho” sendo submetidos como indicações oficiais.
Oscar é uma eleição
O que falta, então, as produções brasileiras? Qualidade, definitivamente, não. Até porque, isso seria pressupor que os filmes premiados sempre são os melhores em suas categorias – e não o são. É preciso entender que o Oscar, antes de tudo, é uma eleição. Não vence o melhor filme, vence aquele que fizer a melhor campanha. E isso não está envolvido apenas com a campanha de divulgação do longa.
O processo para vencer o Oscar começa ainda na pré-produção. É preciso entender como funciona a mente dos votantes da Academia, o que a maioria gostaria de ver – e como gostariam de ver. Escolhas de roteiro, edição, fotografia precisam ser cuidadosas e baseadas na decisão de tentar vencer o careca dourado.
Enquanto uma Academia majoritariamente norte-americana, é preciso entregar a eles o filme que mais os agrada. De pouco adianta um filme sensacional, mas que não tem apelo com os votantes, como foi o caso de “Cidade de Deus”, que um ano antes de conseguir suas marcantes 4 indicações, não conseguiu ser indicado a Filme Estrangeiro – e, segundo relatos, votantes deixaram as sessões antes do fim pelo “excesso de violência”.
O que falta as produções brasileiras, talvez, é justamente entender o que a Academia quer ver e de que forma isso pode ser usado a favor das produções.
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