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Dona Flor: Relembre outras novelas brasileiras que foram adaptadas lá fora
Muita gente ficou surpresa quando a rede mexicana Televisa, principal parceira do SBT na área de dramaturgia, anunciou a produção de uma novela baseada em “Dona Flor e Seus Dois Maridos”, clássico de Jorge Amado pela primeira vez adaptado para a TV latina.
Caberá à estrela local Ana Serradilla dar vida à professora de culinária divida entre dois maridos – um de carne e osso, outro um autêntico “fantasma” -, já interpretada por Giulia Gam na minissérie global de 1998 e por Juliana Paes na recente versão para o cinema.
Quem acompanha, porém, as “relações internacionais” da Globo – e também de outras emissoras brasileiras – sabe que não é a primeira vez que uma história autenticamente tupiniquim acaba ganhando nova roupagem lá fora. Relembremos alguns casos.
Vale Tudo
O texto do clássico de Gilberto Braga, produzido originalmente em 1988 e atualmente em reexibição pelo Viva, foi tirado da gaveta em 2002, quando a Globo firmou uma parceria com a Telemundo (canal hispânico dos EUA) para produzir por aqui regravações de seus textos com elenco latino.
Autor de novelas como “Louca Paixão” (1999) e “Maria Esperança” (2007), Yves Dumont foi o encarregado de reescrever o roteiro do remake. Embora a narrativa transcorresse na cidade de Miami, as gravações ocorriam nos estúdios do Projac (hoje Estúdios Globo), o que obrigou todo o elenco de atores mexicano e colombianos a passar uma temporada no Rio de Janeiro.
O papel da batalhadora Raquel (Regina Duarte) foi vivido neste remake por ninguém menos que Itatí Cantoral, a Soraya de “Maria do Bairro”, e até Antonio Fagundes fez uma participação especial nos primeiros capítulos, como o pai da protagonista – uma curiosidade: por não ser fluente em espanhol, ele teve de ser dublado em cena.
Mesmo assim, “Vale Todo” foi um grande fracasso nos Estados Unidos, o que levou a Globo e a Telemundo a interromperem temporariamente a produção conjunta de novelas.
Fina Estampa
A parceria entre os dois canais só seria retomada alguns anos mais tarde. Nascia então “Marido en Alquiler” (Marido de Aluguel), versão da emissora castelhana para a história de Aguinaldo Silva. Desta vez, a Globo apenas cedeu o texto, enquanto a Telemundo se encarregou das gravações em seus próprios estúdios, na cidade de Miami.
As venezuelanas Sonya Smith e Maritza Rodríguez reviveram os papéis de Griselda (Lília Cabral) e Tereza Cristina (Christiane Torloni), enquanto o mexicano Juan Soler completou o triângulo amoroso central, na pele do charmoso cozinheiro Reinaldo – isto é, Renê (Dalton Vigh). Desta vez, o êxito foi total, e “Marido en Alquiler” ficou marcada como uma das novelas mais assistidas da Telemundo naquele ano de 2012 – com direito até a final feliz para o casal protagonista, coisa que, como bem lembramos, não aconteceu em “Fina Estampa”.
O Bem Amado
A obra teatral de Dias Gomes, que já havia rendido adaptações para a TV e cinema brasileiros em diversas ocasiões, voltou à mídia em 2017, pelas mãos do produtor mexicano Nicandro Díaz.
Em “El Bienamado”, a ação foi transferida da fictícia Sucupira para a cidade real de Loreto, no estado da Baixa Califórnia. Coube a Jesús Ochoa, conhecido por aqui pela novela “Por Ela Sou Eva”, dar vida ao clássico prefeito desejoso de inaugurar um cemitério municipal, agora rebatizado como Odorico Cienfuegos. Diego de Érice (“Que Pobres Tão Ricos”) viveu o simpático Dirceo Mariposa (Dirceu Borboleta), enquanto Chantal Andere (Estefanie em “A Usurpadora”), Nora Salinas (Tia Peruca em “Carinha de Anjo”) e Irán Castillo (protagonista de “Preciosa”) deram vida às inesquecíveis irmãs Cazajeiras – ou melhor, “hermanas Samperio”.
O Clone
Outra parceria entre a Globo e a Telemundo. Assim como a versão brasileira, contou com gravações no Marrocos e também em Miami, porém teve a maior parte de suas cenas rodadas nos estúdios da produtora colombiana RTI, em Bogotá.
O ator mexicano Mauricio Ochmann foi o encarregado de reviver os três personagens de Murilo Benício: os gêmeos Lucas e Diego Ferrer (Diogo Ferraz) e ainda o clone do primeiro, Daniel (Leo). Já o papel de Jade ficou com sua conterrânea Sandra Echeverría.
Ti Ti Ti
Muito antes de a Globo pensar no remake idealizado e produzido em 2010, o Canal 13, do Chile, decidiu usar a obra original de Cassiano Gabus Mendes, datada de 1985, para produzir em 1995 sua própria versão da história, que levava o sugestivo título de “El Amor Está de Moda” (O Amor Está na Moda).
O renomado – e mulherengo – estilista André Spina (Reginaldo Faria / Alexandre Borges) foi aqui transformado em Andrés Correa (Fernando Kliche), enquanto seu arqui-rival, o malandro Ariclenes Almeida (Luís Gustavo / Murilo Benício), virou Aristóteles Sepúlveda (Roberto Poblete). Os alter-egos da dupla, Victor Valentim e Jacques Leclair, também foram respectivamente rebatizados como Vittorio Valentini e Jack Volteare.
Te Contei?
Outra história de Cassiano Gabus Mendes adaptada para o mercado latino, primeiramente no Chile, como “Te Conté?” (1990); e mais recentemente no México, como “Ni Contigo, Ni Sin Ti” (Nem Com, Nem Sem Você), produção da Televisa de 2011.
Apesar do fracasso desta última versão, obteve destaque a atuação de Eduardo Santamarina, galã da novela “Rubi”, na pele do otimista deficiente visual Leo, interpretado por Luís Gustavo na trama original.
Dancin’ Days
Este clássico da TV Globo ganhou, em 2013, uma regravação de imenso sucesso em Portugal. Mesmo readequada ao contexto moderno, a adaptação do escritor lusitano Pedro Lopes manteve-se bastante fiel ao texto original de Gilberto Braga e conquistou de cara a audiência do canal SIC, permanecendo por mais de um ano no ar.
Os papéis originais de Sônia Braga, Joana Fomm, Glória Pires e Antônio Fagundes foram revividos pelos astros locais Joana Santos, Soraia Chaves, Joana Ribeiro e Albano Jerónimo, respectivamente.
Floribella
Este caso é um pouco diferente dos demais, uma vez que a história da Cinderela moderna produzida em 2005 pela Band, com Juliana Silveira, Roger Gobeth e Mário Frias como protagonistas, é uma adaptação da trama argentina “Floricienta”, também regravada em países como Colômbia, Chile, Portugal e México.
O remake da “terrinha” contou com o mesmo título da versão daqui, “Floribella”, e trouxe a cantora Luciana Abreu estreando como atriz na pele da atrapalhada Flor. O brasileiro Atílio Riccó assinou a direção geral da obra lusitana, que também contou com um galã muito conhecido nosso, o global Ricardo Pereira, interpretando o conde Máximo, papel de Mário Frias na novela da Band.
Já no México, coube ao produtor Pedro Damián – criador de “Rebelde” – desenvolver para a Televisa o projeto de “Lola, Érase Una Vez” (Lola, Era Uma Vez), que trazia a hoje hollywoodiana Eiza González como Lola, uma rockeira de 16 anos que trabalhava como babá da família alemã Von Ferdinand e se apaixonava pelo irmão mais velho, Alexander (Aarón Díaz, o Mariano de “Teresa”).
Amores Roubados
Depois de produzir várias novelas em parceria com a Telemundo, a Globo resolveu estender essa sociedade também ao filão das séries e minisséries. A escolhida para abrir este novo segmento foi, sem surpresa, “Amores Roubados”, sucesso dentro e fora do Brasil desde sua concepção, em 2014.
Autores da obra original, George Moura e Sérgio Goldenberg acompanharam de perto o desenvolvimento do remake hispânico, que foi batizado de “Jugar con Fuego” (Brincar com Fogo) e gravado ao longo do segundo semestre deste ano, na Colômbia, para estrear em 2019 na tela do canal estadunidense.
No elenco, destacam-se a presença de Margarita Rosa de Francisco, conhecida pelo papel de Gaivota na novela “Café com Aroma de Mulher”; e do brasileiro Marcelo Serrado, pela primeira vez atuando em castelhano. Eles vivem respectivamente os papéis de Patrícia Pillar (Isabel) e Thierry Tremouroux (Oscar) em “Amores Roubados”.
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